CARACAS - Deputados venezuelanos que não reconheçam a vitória de Nicolás
Maduro ficarão sem receber seus salários, advertiu o presidente da
Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, na noite de quinta-feira. A
medida, que deve ser estendida a assembleias estaduais e câmaras
municipais, foi anunciada depois de o opositor Henrique Capriles
anunciar que vai pedir a impugnação das eleições presidenciais do último
dia 14.
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Cabello (à direita) com Maduro no dia da posse presidencial: pressão sobre a oposição
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Os
parlamentares tampouco terão direito a discursar. A advertência de
Cabello foi feita durante uma visita ao estado de Anzoátegui, e foi
reproduzida pelos jornais venezuelanos nesta sexta-feira.
- É
lógico e coerente. Como vou pagar a um fantasma? Se não trabalham, não
podem cobrar. E não trabalham porque não reconhecem Maduro - disse
Cabello.
Nomeado herdeiro político de Hugo Chávez, Maduro venceu
as eleições presidenciais por menos de dois pontos percentuais, o que
levou a oposição a pedir a recontagem dos votos. Mas o Conselho Nacional
Eleitoral concordou apenas com uma auditoria.
A tensão se
estendeu à Assembleia Nacional. Na sessão do dia 16, Cabello negou o
direito de palavra aos deputados que não reconheceram a eleição de
Maduro e, no dia seguinte, substituiu os opositores que ocupavam a
presidência de comissões parlamentares.
Além disso, Cabello
afirmou que continuam as investigações para que Capriles “pague por
delitos” cometidos ao incitar a violência. Nos protestos após as
eleições, nove pessoas morreram em confrontos.
Para deputado, medida é extorsão
A
decisão do presidente da Assembleia Nacional foi classificada como uma
extorsão pelo deputado Carlos Berrizbeitia, do Prove, que afirmou que
Cabello atua como “o comandante de um batalhão”. Berrizbeitia, no
entanto, declarou que os opositores não pretendem ceder, mesmo com a
suspensão dos salários. Eles continuarão a comparecer ao Parlamento,
apesar de considerarem ilegal a falta de pagamento.
Posição
semelhante foi adotada por Rodolfo Rodríguez, da Ação Democrática.
Rodríguez considera que as medidas representam uma limitação à liberdade
de expressão dos parlamentares. Outros opositores também manifestaram a
intenção de continuar a comparecer ao Parlamento.
- É uma medida inédita no mundo democrático - criticou o deputado Rodríguez.
fonte: oglobo
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