A nova ministra Eleonora Menicucci (à esquerda) assumi o lugar de Iriny Lopes sob fortes críticas
A ministra de Eleonora Menicucci tomou
posse, nesta sexta-feria, da Secretaria de Políticas para as Mulheres
debaixo de ataques da bancada evangélica no Congresso, quase toda
abrigada na base aliada.
As posições públicas da ministra a favor
do aborto junto com declarações do ministro da Secretaria-Geral da
Presidência da República, Gilberto Carvalho, no Fórum Social, no final
do mês passado, acenderam a revolta nos parlamentares evangélicos. Na
tentativa de acalmar a bancada, uma nota do ministro foi lida no
plenário da Câmara. Além disso, Carvalho, católico militante, propôs uma
reunião com os parlamentares evangélicos.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
convocou os evangélicos a combaterem a nova ministra. “Não se iludam, a
bancada de evangélicos se unirá não só para expressar a repulsa por
essas declarações (de Gilberto Carvalho), assim como para combater a
abortista que nomearam ministra”, escreveu Cunha no Twitter. “Essa posse
da abortista é sintomática para todos nós e devemos mostrar de forma
contundente a nossa revolta. Aborto não. Aliás, quando a gente lê várias
declarações dessa nova ministra, ela está no lugar e na época errada,
devia estar em Sodoma e Gomorra”, afirmou o deputado.
A professora e socióloga Eleonora
Menicucci afirmou em entrevistas, assim que foi escolhida para o cargo
pela presidente Dilma Rousseff, que considera a discussão do aborto no
Brasil como uma questão de saúde pública, como o crack e outras drogas, a
dengue o HIV e todas as doenças infectocontagiosas. Para ela, aborto
não é uma questão ideológica.
Há dois dias, os evangélicos estão em pé
de guerra com o ministro Gilberto Carvalho. “Esse governo fala tanto em
discriminação, e vem agora um ministro tomar uma posição de
discriminação em relação aos evangélicos, chamando-os de retrógrados e
dizendo que a lei do aborto não é aprovada por causa dos evangélicos.
Não é a lei do aborto, é a lei do assassinato de crianças indefesas”,
afirmou o líder do PR, Lincoln Portela (MG). O deputado Anthony
Garotinho (PR-RJ) também cobrou explicações do ministro e o acusou de
discriminar os evangélicos.
A insatisfação dos evangélicos com
membros do Governo Federal já repercute na sucessão municipal em São
Paulo. Nesta quinta-feira, o senador Magno Malta (PR-ES), que é pastor
evangélico, declarou guerra ao ex-ministro da Educação e candidato a
prefeito pelo PT, Fernando Haddad, por conta de sua indignação com o
ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto
Carvalho. Nesta quarta-feira, Malta chamou Haddad de “safado” e
“mentiroso” depois de descobrir que Carvalho teria afirmado, no Fórum
Social Temático, que a esquerda enfrentaria uma “batalha ideológica com
os conservadores evangélicos” nos próximos anos. A irritação foi ainda
maior pois Carvalho coordenou a adesão do campo evangélico à campanha de
Dilma em 2010.
Fonte: Época